“Afetivo”, segundo o dicionário, é um adjetivo relativo a afeto ou afetividade; que tem ou denota afeição; afetuoso. Não é de hoje que esse termo faz parte da área do design e da arquitetura, mas mesmo assim, ainda é algo muito novo para a maioria dos profissionais.
O design afetivo trata das sensações transmitidas através dos ambientes. Seja pelos móveis, revestimentos ou decoração, a soma de todos esses itens provoca reações nos seres que frequentam esses espaços, e é justamente nisso que o design afetivo está focado.
As emoções dominam uma grande porcentagem das nossas decisões, e por isso, estão presentes no nosso cotidiano. Da escolha do profissional à aprovação de um projeto: o cliente está sempre agindo através da emoção, por mais racional que o mesmo seja.
Pesquisadores mostraram que nosso sucesso no trabalho ou na vida depende 80% do QE (quociente emocional) e 20% de QI. O quociente emocional é definido como “a capacidade de estar ciente de; controlar e expressar as emoções; lidar com relacionamentos interpessoais judiciosamente e com empatia.” Essas funções humanas não podem ser automatizadas, e, portanto, o Fórum Econômico Mundial (WEF) listou o QE como uma habilidade-chave de trabalho que os funcionários precisarão para prosperar na 4ª Revolução Industrial.
Um estudo de 2017 do Google ecoa esse sentimento, onde foi descoberto que seus melhores gerentes e artistas têm maior QE que QI. As empresas estão investindo em QE através de treinamento para seus funcionários: a Ford, por exemplo, acredita que “entrar em contato com seus sentimentos é crucial”, e por isso implementou um treinamento de equalização aplicado na Europa em 2018. Parece que o QE é um ganha-ganha para ambos, empregado e empregador.
Mas, porque isso interessa aos profissionais de arquitetura e design?
Em uma força de trabalho cada vez mais digital, ser mais humano será um cobiçado conjunto de habilidades. À medida que a inteligência artificial se torna mais avançada, a emoção será projetada em nossas interações com máquinas. Em um futuro muito breve, projetaremos tecnologia para e com emoção, e a voz se tornará a interface principal para a tecnologia.
Os produtos e as experiências utilizarão o poder do corpo, oferecendo novas sensações e extensões dos sentidos, adicionando tecnologia poderosas até aos meros objetos de uso cotidiano. Como o interesse em experiências imersivas cresce, os projetistas vão esticar, testar e aumentar o poder dos sentidos. Do calor corporal ao toque imaginário, estampos somente no começo da compreensão da ciência sensorial – deixando muito para os criativos explorarem.
A tecnologia e o artesanato (que já apareceu nos nossos conteúdos recentemente) serão combinados para permitir resultados não possíveis apenas manualmente, enquanto ainda incorporam as texturas e o espírito artesanal.
Desta forma, para garantir a adaptação, designers se concentrarão em dar alma à tecnologia e a imperfeição será comemorada na criação humana – logo falaremos mais a respeito dos imperfeccionistas!
Empatia na Engenharia
Partindo de exemplos: a Alexa da Amazon pode rir e contar piadas; a Apple recentemente patenteou um sussurro para a Siri, e o Google Assistant está ocupado melhorando sua entonação. Máquinas estão se tornando mais humanas, pelo menos na superfície.
Outro exemplo: o Replika é um projeto de chatbot que pressiona o fronteira entre humano e máquina. Aprendendo sobre seus usuários e começando a imitá-los, robôs estão cada dia mais pessoais.
Personalidades artificiais estão se tornando mais avançadas. Lil Miquela é um avatar digital renderizado e uma estrela do Instagram com mais de 1 milhão de seguidores, que recentemente descobriram que ela é artificial e está lutando com sua identidade. “Eu não sou humana, mas ainda sou uma pessoa?” ela perguntou a seus fãs em um post. Quando falamos com robôs, falamos como robôs, modulando nossas vozes e restringindo nossa conversação. À medida que a voz se torna uma tecnologia, os criativos trabalharão para mantenha a expressividade dessa interface intacta.
Investindo na Imperfeição
A vida real não é perfeita – é muito mais interessante que isso. Como a tecnologia digital permite cada vez mais designs impecáveis, os criativos investirão em imperfeição – as texturas, esquisitices e constrangimentos que nos tornam humanos, e que tornam os objetos que usamos e os espaços em que habitamos especiais.
Como exemplo, a curadoria do artista John Walter para a exposição “Shonky: A estética do constrangimento” olha para artistas e designers que estão explorando a “estranheza visual”. A mostra propõe que “shonkiness” está emergindo como uma alternativa aos vazios valores de produção, que alguns definem ser a arte contemporânea.
Muito em breve, estaremos procurando “shonkiness” para texturas imperfeitas que refletem mais as pessoas como verdadeiramente são, gerando um visual mais inclusivo e mais gentil.
O que está por vir?
Em resumo, à medida em que os humanos se tornam mais digitais, a tecnologia se tornará mais humana.
– O QE está emergindo como uma habilidade necessária para o futuro. O que você pode fazer para garantir que esteja atualizado com essa habilidade?
– À medida em que mais operações voltadas para o cliente estão sendo entregues a sistemas automatizados, como você irá construir inteligência emocional nos serviços e produtos para gerar valor?
– Conforme os consumidores buscam cada vez mais significado, os valores da empresa e do profissional importam mais do que nunca. Qual é o posicionamento da sua marca e as mensagens em torno dos seus princípios?
– Como um contrapeso elegante à tecnologia, como você irá injetar a alma do artesanato em seu design de produto ou serviço?
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