Enedina Alves Marques nasceu em Curitiba-PR, em 13 de janeiro de 1913, filha de Paulo Marques e Virgília Alves Marques. Ela trabalhou como empregada doméstica e babá para terminar o ensino médio e tornou-se professora depois de se formar. Formou-se em Engenharia Civil em 1945 pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), entrando para a história como a primeira mulher a se formar em engenharia no Paraná e a primeira engenheira negra do Brasil.
O Doodle de hoje comemora o 110° aniversário da engenheira brasileira Enedina Alves Marques, a primeira mulher negra no Brasil a se formar em engenharia e a primeira mulher no estado do Paraná a se tornar engenheira.
Entretanto, durante a faculdade, Marquez foi hostilizada e ignorada por alguns de seus professores e colegas – principalmente por conta dos preconceitos da sociedade. Apesar de enfrentar discriminação ao se formar em um campo dominado por homens brancos, Marques persistiu e foi a única mulher ao lado de 32 alunos do sexo masculino a se formar em 1945.
Filha de doméstica, foi criada na casa da família do delegado e major Domingos Nascimento Sobrinho, para quem sua mãe trabalhava. Enedina tinha a mesma idade da filha de Domingos e, para que pudessem fazer companhia uma a outra, ele a matriculou nos mesmos colégios da filha. Assim, Enedina Alves foi alfabetizada na Escola Particular da Professora Luiza Dorfmund, entre 1925 e 1926. No ano seguinte, ingressou na Escola Normal, onde permaneceu até 1931. Entre 1932 e 1935, passou a trabalhar como professora no interior do estado.
Entre 1935 e 1937, voltou a Curitiba para fazer o curso intermediário (equivalente a um supletivo ginasial, exigido para o magistério). Em 1938, fez curso complementar em pré-Engenharia e, em 1940, ingressa na Faculdade de Engenharia da Universidade do Paraná, graduando-se em Engenharia Civil no ano de 1945.
Em 1946, tornou-se auxiliar de engenharia na Secretaria de Estado de Viação e Obras Públicas. No ano seguinte, foi descoberta pelo governador Moisés Lupion, que a transferiu para o Departamento Estadual de Águas e Energia Elétrica. Trabalhou no Plano Hidrelétrico do Paraná e atuou no aproveitamento das águas dos rios Capivari, Cachoeira e Iguaçu. Para muitos, a Usina Capivari-Cachoeira foi seu maior feito como engenheira. Dentre outras obras, destacam-se o Colégio Estadual do Paraná e a Casa do Estudante Universitário de Curitiba (CEU).
Apesar de vaidosa em sua vida pessoal, durante a obra na Usina ficou conhecida por usar macacão e portar uma arma na cintura para se fazer respeitada. Enérgica e rigorosa, impunha-se sempre, pois, além de ser mulher trabalhando num ambiente majoritariamente ocupado por homens, era negra.
Estabelecida no governo e com carreira estruturada, entre os anos 1950 e 1960, Enedina dedicou-se a conhecer o mundo e outras culturas. Nesse mesmo período, em 1958, o major Domingos faleceu, deixando-a como uma de suas beneficiárias no seu testamento. Sua casa, onde Enedina viveu com a mãe durante a infância, foi desmontada e abriga o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Em 1962, Enedina se aposentou e recebeu o reconhecimento do governador Ney Braga, que, por decreto, admitiu os feitos da engenheira e lhe garantiu proventos equivalentes ao salário de um juiz. Enedina faleceu em 1981. Em 1988, uma importante rua no bairro Cajuru em Curitiba recebeu o seu nome. No ano de 2000, foi imortalizada no Memorial à Mulher, localizado na capital do Paraná, ao lado de outras 53 mulheres pioneiras do Brasil. Em 2006, é fundado o Instituto de Mulheres Negras Enedina Alves Marques, em Maringá-PR.
Saiba tudo sobre Enedina Alves Marques baixando esse PDF ou lendo logo abaixo:
A casa do major da polícia e delegado Domingos Nascimento Sobrinho, onde Enedina viveu com sua mãe durante sua infância, foi desmontada e transferida para o Juvevê e hoje abriga o Instituto Histórico, Iphan.
Durante muitos anos a história de Enedina Alves foi pouco conhecida por grande parte dos brasileiros, mas muito presente na memória de amigos e moradores do Paraná.
Em 2014, o historiador Jorge Luiz Santana apresenta sua monografia de doutorado “Rompendo Barreiras: Enedina, uma mulher singular”, na Universidade Federal do Paraná, orientado por sua professora Dra. Roseli Boschilia. Onde realiza profundo estudo sobre a vida de Enedina, seus feitos e superação. Seu estudo gerou grande repercussão, entre ativistas negros e populares, a maioria conhecera Enedina apenas neste momento.
Ao mesmo tempo, o historiador Sandro Luís Fernandes e o cineasta Paulo Munhoz iniciaram uma pesquisa para a confecção de um documentário sobre a vida de Enedina, projeto chamado A Engenheira, que, até 2015, estava estacionado por falta de investimento.
Ei, legal que o Google homenageou hoje a Enedina Alves Marques, né? Ela foi a primeira mulher negra a se formar em Engenharia no Brasil e é um grande exemplo de persistência e superação. Mesmo tendo enfrentado preconceitos na faculdade, ela se formou em 1945 pela Universidade Federal do Paraná e abriu caminho para outras mulheres na área. É incrível pensar que ela conseguiu isso mesmo tendo trabalhado como empregada doméstica e babá para terminar o ensino médio. Enfim, um exemplo inspirador de determinação e luta contra a discriminação racial e de gênero. Parabéns, Enedina Alves Marques!