As bermas (acostamentos) das estradas servem de refúgio às espécies de polinizadores em declínio e a sua vegetação deve ser cortada menos frequentemente, concluiu um estudo da Universidade de Exeter.
Para as abelhas, borboletas, moscas-das-flores e outros polinizadores em declínio, as bermas das estradas com vegetação são um refúgio vital, que lhes oferece alimento e abrigo, concluiu um novo estudo da Universidade de Exeter.
Cada mosca das flores pode viajar de 80 a 160 quilômetros por dia, e em um ano de migração elas podem passar por várias gerações. Essa migração em massa tem uma enorme influência sobre o meio ambiente. Chapman e seus colegas estimam que as larvas produzidas pela migração das moscas todos os anos no sul da Inglaterra devorem uma média de seis trilhões de pulgões – que, juntos, pesam cerca de sete mil toneladas.
Os afídeos, popularmente chamados de pulgões, são pragas que frequentemente causam danos a diversos tipos de plantas pelo enfraquecimento: como couve, brócolis, algodão, morango e roseiras, e também pela transmissão de vírus.
Os pulgões tem parelhos bucais sugadores em forma de agulha de seringa chamado de estilete. Ao se alimentarem, inserem seu estilete nos vasos das plantas e se alimentam da seiva delas, causando danos diretos, pois provocam murcha generalizada, o enrugamento das folhas e a paralisação do desenvolvimento das plantas.
Podem também trazer danos indiretos causados pela grande quantidade de açúcares eliminados na forma de “honeydew”, formando um meio rico para o desenvolvimento do fungos, os quais prejudicam a respiração e a fotossíntese das plantas, assim como transmissão de fitovírus, fazendo que a planta adoeça e morra.
O que são as bermas das estradas?
Apesar da sua importância, a vegetação destes espaços é cortada no verão, o que elimina as flores silvestres e torna as bermas inúteis para os polinizadores durante semanas ou mesmo meses.
O estudo também revelou que os polinizadores preferem as estradas menos movimentadas e a parte da berma que se encontra mais para dentro, ou seja, que não ladeia diretamente a estrada.
“As bermas das estradas podem proporcionar um espaço fantástico para os polinizadores e as flores silvestres, algo que tantas vezes falta às nossas paisagens agrícolas”, disse Ben Phillips, principal autor do estudo.
“Mas a gestão é a chave – a vegetação de alguns destes acostamentos precisa de ser cortada por razões de segurança, mas, atualmente, cortamos muito mais do que precisamos.”
Ben Phillips
“Na maior parte dos casos, as plantas são cortadas durante o verão – no pico da floração –, mas, sempre que possível, deveriam ser deixadas até ao outono, quando os polinizadores estão menos ativos”, explicou o investigador.
“Os nossos resultados mostram que a parte das bermas que se encontra a menos de dois metros da estrada contém o menor número de polinizadores. Esta é, muitas vezes, a parte que precisa de ser cortada por razões de segurança e visibilidade rodoviárias; por isso, quando possível, só esta secção deveria ser cortada no verão.”
No Reino Unido, onde 97% dos prados de flores desapareceram desde os anos 30, uma campanha da organização de conservação Plantlife pede uma melhor gestão das bermas das estradas com vista à proteção da vida selvagem e inclui uma petição que já conseguiu mais de 80 mil assinaturas. A principal mensagem da campanha – corroborada pelo novo estudo – é “cortar menos, cortar mais tarde”.
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