O primeiro dia de conferências do Fórum Internacional de Arquitetura e Urbanismo reuniu cerca de 480 pessoas no Museu de Arte Moderna do Rio (MAM). A partir do tema O Futuro das Grandes Cidades em Países Emergentes, palestrantes de diversas nacionalidades puderam compartilhar suas experiências e apresentar projetos inspiradores para pensar Arquitetura e Urbanismo nos tempos modernos, especialmente na cidade do Rio de Janeiro, que passa por um momento de importante transformação urbanística.
Paulo Mendes da Rocha, único brasileiro vivo detentor do Prêmio Pritzker, a maior premiação da arquitetura mundial, abriu o evento convidando a todos, principalmente os jovens, a estarem atentos ao presente momento. O arquiteto não economizou elogios a Affonso Eduardo Reidy, arquiteto brasileiro responsável pelo projeto do Museu de Arte Moderna do Rio (MAM), que, para Paulo Mendes, é “uma manifestação de consciência”.
O palestrante reforçou em todo o seu discurso a importância da consciência dentro da Arquitetura e Urbanismo. Explicou também como estas ciências são formadas por um conjunto de saberes. “A arquitetura sempre foi uma forma peculiar de conhecimento. Enquanto ela especula o que fazer para tornar a natureza habitável, ela especula as outras ciências, julga tudo isso e transforma em novos horizontes”, afirma.
Em seguida, Kai-Uwe Bergmann trouxe as experiências do Bjarke Ingels Group (BIG), escritório baseado em Copenhague e Nova Iorque, reconhecido mundialmente. A partir de projetos como o Gammel Hellerup Gymnasium, Kai trouxe uma dose de inspiração à plateia, mostrando como é possível inovar e como a arquitetura possui possibilidades ilimitadas.
Assim como Paulo Mendes da Rocha, Kai apontou para a importância do significado de cada projeto e em que contexto ele está inserido: “Mais importante é a visão social do projeto do que a infraestrutura que está por trás”, afirma. O palestrante ainda falou sobre a responsabilidade dentro dos trabalhos arquitetônicos e mostrou como seus projetos são desenvolvidos para se adaptar à cada determinado ambiente. Um projeto feito para a Finlândia, por mais genial que seja, não é feito para o Brasil, por exemplo.
Já a Triptyque Architecture, agência sediada em São Paulo e Paris, trouxe ao palco os palestrantes Carolina Bueno e Grégory Bousquet para mostrar como o escritório integra a natureza aos seus projetos. Também mostraram que vêm utilizando soluções baseadas em marquises, cujos benefícios incluem desde o reaproveitamento da água até a conexão entre edifícios. Este tipo de solução está presente em projetos como o centro cultural Station e a Marquise Minhocão, ambos em São Paulo.
Reconhecida mundialmente por sua obra contemporânea, a agência ainda explicou como funciona seu trabalho de reconquista da natureza em locais urbanos. “A Triptyque reaproveita e insere a natureza para dentro da arquitetura, como se ela fosse um material de construção”, conta a arquiteta Carolina Bueno.
Encerrando o primeiro dia de palestras, Alejandro Aravena, eleito curador da Bienal de Arquitetura de Veneza de 2016, apresentou seu trabalho com habitações sociais e intervenções em áreas que sofreram desastre ambiental. O arquiteto chileno destacou os desafios de países emergentes, como o Brasil, e mostrou como é possível fazer a diferença e trazer bem-estar e dignidade a todos os habitantes de uma cidade.
Alejandro citou a desigualdade social como um dos fatores que mais trazem problemas aos países emergentes, além de ressaltar que as políticas públicas precisam ser melhor pensadas para atender as verdadeiras necessidades da população. Ao falar sobre os problemas habitacionais, como moradias irregulares, o arquiteto ressaltou: “Nas grandes cidades em países emergentes é necessário canalizar as forças ao invés de combatê-las”.
Ele citou como exemplo seu projeto de construção de moradias populares pela metade, para que a família que irá habitar a casa termine de construí-la da maneira que preferir e continue morando em lugares próximos aos grandes centros. Dessa forma, o cidadão consegue adquirir uma casa maior e mais próxima de onde há oportunidade de emprego e o governo, por sua vez, investe o mesmo que investiria para construir uma pequena casa em um terreno distante.
A estreia do Rio Academy insere o Brasil no cenário de uma das discussões mais relevantes da área, convidando o público à participação efetiva na construção de um futuro desejado por todos. Norteado pela legenda “Observe, Aprenda, Produza”, o Fórum debate e estimula o desenvolvimento de soluções para a cidade do Rio de Janeiro. O evento é composto por dois dias de palestras e cinco de workshop, onde os participantes poderão desenvolver projetos para cidade. As melhores propostas serão entregues à Prefeitura, além de receberem prêmios. Mais informações pelo site site www.rio.academy.
SERVIÇO
Fórum Internacional de Arquitetura e Urbanismo: 20 a 26 de Julho
MAM: Av. Infante Dom Henrique 85, Parque do Flamengo
20021-140 Rio de Janeiro, RJ
Organização: Rio Academy / Tatac
Contato Imprensa: raquel@binky.com.br / +55 (21) 99892-4708 / Raquel Pedroza
Informações e inscrições: www.rio.academy.
Facebook: https://www.facebook.com/
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