Alguma dúvida que vamos falar do estilo mais disseminado no momento em projetos de arquitetura e design ?
Não acredita? Leia até o final que vou te ajudar nesse entendimento.
Efetivamente, ser totalmente Rústico em um ambiente pode não ser a predileção da maioria do povo brasileiro, pois o excesso de texturas conflitantes, característica marcante desse estilo, talvez não agrade a todos.
Bem, até aí estamos concordando.
No entanto, atualmente, com a proliferação de tendências acerca do uso de materiais in natura, ou seja, em seu estado natural, explorando o seu melhor lado brutalista, muitas vezes, permite que todo e qualquer projeto seja contemplado com características rústicas.
Por mais que isso não seja enaltecido, e até mesmo percebido por seus criadores, valorizar materiais com acabamentos menos glamourosos denota um modo de agir mais contemporâneo.
Por exemplo, aquele ambiente Industrial que valoriza o piso de cimento queimado é um bom exemplo da influência rústica em outros estilos. Aquela parede de tijolos com reboco descascado, muito utilizada em espaços inundados de objetos antigos e descolados do estilo Hipster, também.
Os revestimentos em madeira clara dos ambientes Escandinavos e o reuso de objetos antigos e restaurados, por vezes com partes da pintura descascada e que preservam as marcas da história, são outros exemplos do modus operandi do estilo Rústico.
Ele é sorrateiro e onipresente, quase sempre.
Já ouvi de alguns criadores de arquitetura e design: “Odeio essa história de estilo Rústico para cá e para lá”. Mas, observando o portfólio desses criadores, nota-se que o concreto aparente ou a madeira de demolição são ou foram protagonistas em diversas situações.
Quer algo mais Rústico que isso?
Admito que fugir desse estilo é praticamente impossível. Ele pode ser forte e intenso, quando aplicado em sua totalidade em um único espaço. Mas o que mais se percebe é a sua influência penetrando no cotidiano das pessoas, sem alardes ou discursos inflamados.
O estilo Rústico é acolhedor a partir do momento que você sente o abraço caloroso dos tons terrosos, dos móveis aconchegantes e dos assentos desgastados que contam histórias. Bonito isso, né?
Cada elemento que compõe o estilo dá a sensação de resgatar épocas passadas. Por isso, não se incomode se algo projetado por você for classificado nessa linha de pensamento. Olhe sempre para o benefício, pois é fato que grande parte da economia que gira em torno da arquitetura e do design vem disponibilizando produtos com essa pegada.
Portanto, aproveite. Se seus clientes compram alguma decoração assim, provavelmente adorarão estar em ambientes que respeitam isso.
A ESSÊNCIA
O fator mais intrínseco desse estilo se refere a valorização do que não é perfeito ou bem-acabado. Tendências de outros estilos, como a Wabi Sabi (oriunda do estilo Oriental), veneram o aspecto mundano dos materiais, privilegiando o que é realmente natural, sem camadas e mais camadas de acabamentos para deixar “bonito”.
“Bonito” é ser natural. E ponto final.
E aproveitar essa beleza inerente a 100% dos materiais, pode ser a grande sacada para que projetos de arquitetura e design sejam percebidos como originais, e não somente como reproduções de algo já feito anteriormente.
Materiais e técnicas vernaculares, ou seja, que existem no entorno da obra, certamente exprimem a mais inteligente forma de ser Rústico.
Esqueça a busca desenfreada e ansiosa por tecnologia, pois o excesso tecnológico certamente te obrigará a buscar soluções fora da sua área de atuação, ou pior, longe demais do foco do seu projeto ou obra. Esse procedimento é válido para outros estilos, mas aqui precisamos valorizar o que está por perto.
Estar perto é mais original, é mais barato e exprime com fidelidade o seu local de origem.
O Rústico que buscou a madeira bruta da mobília em outro estado ou país, tão somente para ser mais “bonito”, é fake. Em um país repleto de vegetação, como o Brasil, dificilmente isso tem justificativa.
É possível e compreensível, mas segue sendo fake.
OS ELEMENTOS
Para quem é fã de criações originais, sem medo de misturas excessivas, seja muito bem-vindo. Elementos que em outros estilos seriam protagonistas, aqui são meros coadjuvantes da composição dos espaços, uma vez que o ator principal é o próprio estilo.
Ser bruto, como no estilo Industrial, é digno de aplausos. A grande diferença está no modo de expor e combinar os elementos, abusando dos tons escuros das madeiras e blocos cerâmicos, além de permitir que elementos de fixação como parafusos e porcas fiquem aparentes, sem medo de mostrar as suas naturezas.
Quando tratamos de elementos metálicos, bem como quaisquer outros elementos pontiagudos, é fundamental considerar que o contato humano poderá ser afetado por eles. Dessa forma, avalie no ato de projetar o que pode e deve estar aparente, que não interfira no uso cotidiano, para que o resultado final seja aprazível aos usuários.
Já pensou em quantos elementos triviais, fáceis de serem encontrados em lojas de qualquer canto do país, permitem uma composição rústica e a qualquer momento? É por isso que o estilo Rústico está há muito tempo entre os estilos mais procurados por brasileiros e brasileiras.
Dentro das inúmeras possibilidades, você sempre poderá encontrar uma enorme gama de produtos classificados nos grupos abaixo:
- Acabamentos desgastados;
- Móveis de couro macio com linhas simples;
- Móveis de madeira com arestas ásperas ou acentuadas;
- Cores neutras e quentes;
- Tecidos costurados à mão com texturas ricas, ou seja, com aspecto manual de verdade (nada industrial, ok?);
- Elementos expostos, como pedra, tijolo ou madeira.
MATERIAIS DESGASTADOS PELO TEMPO
Da madeira natural e aço galvanizado até os couros e tapetes desgastados. Tudo para memorar uma sensação caseira, como se existisse há séculos no ambiente. Cada arranhão acrescenta um caráter único, significando que o objeto foi vivido e amado.
Para encontrar os itens que compõem bem esse estilo, vale dar uma passada pelos antiquários. É considerável que se acrescente toques do que é natural, como plantas, ou tecidos, como a lã, o veludo e o linho.
Lembrando, sempre, que quem define o ritmo e a intensidade é você, quem projeta, ok?
A ESTRATÉGIA
Fazer do entorno da mobília o grande envoltório desta, que por sua vez, pôde ser simples e com tonalidades leves.
Para isso, o uso de uma paleta de cores aconchegantes foi o ponto de partida para que a criação de um ambiente híbrido e com nuances de tons acastanhados, contendo cozinha + jantar e estar.
Um segundo fator de estudo, tão importante quanto o primeiro, foi a análise dos elementos arquitetônicos que envolvem o ambiente. Dentre eles, vigas aparentes de madeira, paredes com reboco simples e texturas sem preocupações com uniformidade visual e piso de mármore rosa.
Sobre o mármore rosa, sim, sabemos que ele vai manchar e desgastar. Sendo Rústico, isso nunca é problema.
PALETA ACONCHEGANTE
De painéis de madeira que lembram cabanas à cortinas esvoaçantes que lembram ambientes muito antigos, o estilo Rústico tem tudo a ver com cores quentes e convidativas. A paleta base pode ser encontrada na própria natureza, com tons de marrom, bege, bronzes e cinzas mais densos.
Já para um toque de cor, pode-se adicionar vermelho tijolo, laranja adobe ou verde samambaia. Nas cores, talvez o segredo seja optar por cores sólidas, acentuando-as nos tecidos das cortinas ou até mesmo nos tapetes.
DETALHES ARQUITETÔNICOS
Dos pisos de pedras naturais até as vigas de madeira expostas, os elementos arquitetônicos ecoam pela casa e emprestam personalidade.
Janelas grandes e numerosas permitem que as vistas panorâmicas se tornem parte da decoração e os tetos altos criam uma sensação de expansividade que remetem ao ar livre.
Tudo lembra a Arquitetura Retrofit, com toda a sua proposta de reviver, com qualidade, o que já foi importante um dia.
Créditos:
REFRESHER® Trends
Projeto: Studio Menin arquitetura + design
Renderização de imagem: Metries Virtual Foto
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